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Real Digital: o que é a nova moeda virtual brasileira

Publicado em . Atualizado em
Por Eduardo Kruger . Tempo de leitura: 14 mins
A imagem mostra vários malotes de dinheiro, notas de 200, 100, 10 e 20 reais, representando o real digital.

A tecnologia deixou de ser o futuro e está cada dia mais presente na vida de todos os cidadãos brasileiros. E esse impacto da inovação logo deve chegar em definitivo para o cenário econômico nacional.

No final de 2022 o Banco Central (Bacen) anunciou o projeto para desenvolvimento de uma nova moeda virtual: o Real Digital. Porém, diferente de outras modalidades financeiras, essa solução vem para mudar a forma do brasileiro comprar e pagar.

Neste artigo vamos falar tudo sobre o Real Digital, como essa solução irá funcionar e como ela irá impactar na rotina financeira da sua empresa. Continue lendo!

O que é o Real Digital?

O Real Digital é uma nova moeda digital brasileira que está sendo desenvolvida pelo Banco Central. Apesar de poder parecer com outras soluções, como o Pix, o Real Digital consegue acumular mais funções.

Seu objetivo é ser utilizado para pagamentos, tanto no varejo tradicional, quanto no e-commerce – porém, o Real Digital deve se estabelecer como uma moeda paralela ao Real físico.

Ou seja, a longo prazo, essa nova moeda digital pode substituir o real tradicional dentro das rotinas financeiras dos brasileiros.

Qual é o objetivo do Banco Central com o Real Digital?

Com o Real Digital o Bacen tem como principal objetivo diminuir os custos das operações bancárias – especialmente com a emissão de papel-moeda. Com ela, será possível ampliar o contingente de pessoas no mercado financeiro.

Além disso, a adoção do Real Digital deve facilitar o acesso da população a recursos financeiros através da tecnologia, simplificando os processos como movimentação de dinheiro, compras no varejo, investimentos, transações, etc.

Esse desenvolvimento está relacionado a uma onda internacional que visa a digitalização de processos financeiros. Esse movimento é chamado de Web 3.0, com tecnologia baseada em sistemas como o blockchain.

O Real Digital irá substituir o dinheiro físico?

De fato, com o tempo existe uma possibilidade do Real Digital substituir a necessidade do dinheiro físico. Afinal, essa nova moeda virtual será, em muitos sentidos, equivalente ao real físico.

Ou seja, no futuro se tornará obsoleta a necessidade de impressão de dinheiro físico. Porém, esse movimento já acontece há alguns anos, pois, o surgimento de novas tecnologias como cartão de crédito e Pix diminuíram a necessidade de dinheiro físico.

Quais são as modalidades do Real Digital?

Visando aumentar a capacidade do Real Digital em impactar a situação econômica do país, essa solução terá duas versões diferentes, cada uma lançada com um objetivo específico para seu uso.

Elas estão sendo definidas como “versão de atacado” e “versão de varejo”, também chamada de “real tokenizado”. Confira um pouco mais sobre cada uma dessas modalidades:

Versão de Atacado do Real Digital

Embora ainda não existam muitas informações concretas, a versão de atacado do Real Digital será destinada para pagamentos entre o Banco Central e as instituições financeiras. 

No momento, esse é o principal foco do Bacen, já que serão as instituições que irão guiar o uso dessa solução para os usuários finais.

Versão de Varejo do Real Digital

Por outro lado, a versão de varejo ainda está distante, já que essa modalidade deve ser diretamente relacionada ao consumidor final. 

Aqui é onde entra a perspectiva futura de uso dessa moeda virtual para pagamentos do dia-a-dia, seja no e-commerce ou no varejo tradicional.

Quais as vantagens que o real digital traz?

Agora que já explicamos o que é o Real Digital e como ele pode funcionar na prática, precisamos falar sobre as vantagens que essa solução pode trazer para a gestão financeira das empresas e consumidores brasileiros.

De modo geral, essas vantagens consideram as principais aplicabilidades em perspectiva dessa solução – porém, podem surgir muitos outros benefícios conforme a moeda for aplicada e ganhar volume dentro do mercado nacional. Confira:

1. Permitir transações diretas entre pessoas

A versão final do Real Digital deve possibilitar a troca rápida e direta entre consumidores. De fato, essa modalidade de transação instantânea já está presente nos pagamentos via Pix.

Porém, a real tokenizado também traz a possibilidade de transferências diretas. Por exemplo, na Califórnia (EUA), as pessoas também podem tokenizar o documento do carro no momento da venda. 

Assim, o próprio vendedor pode acessar o documento e trocar sua titularidade, sem precisar de um despachante ou cartório. Afinal, o sistema cruza a transação financeira com a movimentação da documentação do documento do veículo, de forma segura e controlada.

2. Redução de custos do dinheiro físico

Um dos objetivos principais do Bacen é reduzir os custos para produção, transporte e controle de estoque do dinheiro físico. 

De modo geral, haverá uma redução considerável da necessidade de acúmulo do Real para geração de valor – seja do Governo Federal ou dos bancos.

Afinal, atualmente, para conceder empréstimos os bancos necessitam possuir um montante desse valor em cofre. Porém, essa necessidade deixará de existir porque o controle pode ser feito através de sistemas como blockchain.

3. Acesso à população não bancarizada

Outra vantagem do Real Digital, será a capacidade de ceder acesso a pessoas desbancarizadas – algo que não é possível através do Pix ou cartões de crédito, meios de pagamento digitais.

No Brasil, 38% da população adulta não tem acesso a bancos. Ao se tornar uma moeda paralela ao Real, a versão digital também poderá ser utilizada por essa parcela da população, mesmo sem acessar diretamente aos bancos.

4. Estímulo à inovação no setor financeiro

Um dos grandes propósitos desse lançamento é incentivar o mercado financeiro a lançar novas modalidades que utilizem o Real Digital como aplicação

As instituições, atualmente, já estão realizando testes e propondo sugestões de usabilidade para o Bacen – que está avaliando a viabilidade de integração com o uso da nova moeda.

A partir dos contratos inteligentes e da “internet das coisas”, por exemplo, será possível criar dinâmicas que aumentem a praticidade de diversos setores.

5. Uso em qualquer lugar do mundo sem necessidade da conversão

O Real Digital também poderá ser utilizado para realizar pagamentos fora do Brasil, sem necessidade de realizar conversões ou pagar taxas de câmbio.

Essa internacionalização é uma das maiores vantagens para essa nova moeda, se alinhando com outros sistemas internacionais e que possibilitam uma economia integrada e eficiente – e até mesmo gerando oportunidades para sua empresa vender mais!

Qual é a diferença entre o real digital e as criptomoedas?

Uma dúvida muito comum entre os empreendedores e cidadãos que esperam pelo Real Digital está relacionada sobre a diferença entre a nova moeda virtual e as criptomoedas – que são muito comuns no mundo dos investimentos e para os interessados em blockchain.

Para que você entenda melhor a diferença entre essas duas modalidades, separamos as distinções entre cada uma delas e seus funcionamentos. Confira:

Diferenças Real Digital

A principal diferença entre as duas modalidades é que o Real Digital possuirá preço fixo e tem uma gestão centralizada, sendo regulado pelo Banco Central.

A ideia é que o Real Digital seja emitido da mesma forma que o Real convencional, garantindo maior transparência das operações e um nível de segurança a mais para qualquer transação.

Diferença Criptomoedas

Por outro lado, as criptomoedas possuem uma gestão descentralizada. Os reguladores das transações das criptomoedas são os próprios usuários, sem qualquer tipo de fiscalização ou regulamentação no Brasil. 

Assim, nem sempre é possível garantir a integridade, transparência, segurança ou gestão fiscal dessas operações. Além disso, as criptomoedas são tratadas no mercado financeiro como um ativo – enquanto o Real será efetivamente uma moeda nacional.

Qual é a diferença entre Pix e Real Digital?

Existem muitas pessoas que entenderam o Real Digital como uma evolução do Pix e isso não é verdade. 

Da mesma forma que explicamos a diferença entre criptomoedas e o Real Digital, o Pix se enquadra como um meio de pagamento – enquanto o novo Real é uma verdadeira moeda nacional, como o dinheiro físico que podemos guardar na carteira.

A modalidade Pix também foi lançada pelo Banco Central, e que permite mais agilidade para os usuários movimentarem os recursos de suas contas. Com o Pix é possível fazer transferências instantâneas, 24 horas por dia, sete dias por semana.

Por outro lado, o Real Digital é a própria moeda. Ele tem como objetivo facilitar as operações financeiras virtuais e físicas, sem depender de autenticação bancária ou intermediação de instituições financeiras.

Quais são as possíveis aplicações do Real Digital?

Enfim, chegamos ao principal fator que torna o Real Digital tão atraente: sua possibilidade para aplicações e integração com novas tecnologias.

Muitas empresas já estão propondo soluções que utilizem o Real Digital para melhorar a eficiência de serviços, criar novos mercados e atualizar sistemas dentro do setor financeiro, varejo e dos serviços.

Confira as principais aplicações do Real Digital que já estão em desenvolvimento:

Pagamentos no e-commerce

Inicialmente, o Real Digital irá ajudar a facilitar pagamentos no e-commerce. Com ele, as transações podem ser feitas de forma mais rápida, práticas e ágeis.

Isso permite que sua empresa invista nos canais digitais, proporcionando uma etapa de checkout mais eficiente e que permita um aumento na sua taxa de conversão.

Pagamentos no varejo físico

Eventualmente, o Real Digital também será expandido para o varejo físico podendo ser movimentado por qualquer usuário que possua acesso à internet. 

Nesse caso, a moeda estará disponível em sua carteira digital (as “wallet”) e poderá ser transacionado com praticidade.

Eventualmente, será necessário que sua empresa esteja preparada para utilizar essa tecnologia, como uma vantagem entre concorrentes, para aumentar suas vendas e abranger esses clientes.

Integração com a internet das coisas

A “internet das coisas” é o nome dado para a integração de processos virtuais e físicos. Quando soluções do mundo real se utilizam de recursos online para funcionar, aumentando a agilidade e praticidade da rotina dos seus usuários.

Por exemplo, um sistema de entregas que utilize cofres eletrônicos para depositar produtos. O entregador deposita a encomenda no cofre, em um ponto específico da cidade, e o consumidor vai até lá e faz o pagamento via Real Digital, liberando o produto.

Da mesma forma, uma geladeira inteligente poderia solicitar as compras do mercado ao identificar a falta de itens essenciais – realizando o pagamento automaticamente, retirando o dinheiro da carteira digital do seu dono.

Capacidade de tokenização e contratos inteligentes

Contratos inteligentes são acordos feitos entre duas partes, realizados a partir das blockchains e sem a intermediação de um terceiro.

Parece complicado, mas basicamente o sistema blockchain realiza um contrato seguro, que ao ser assinado pelas duas partes, passa a valer e não pode ser modificado de forma unilateral. Tudo online, automatizado e sem necessidade de intermediação.

O Real Digital poderá funcionar conforme esses contratos, a partir da tokenização da moeda. Nesse caso, entra o exemplo que citamos da transferência de veículo. Uma vez realizado o pagamento, o documento do veículo pode ser transferido automaticamente.

Quando iniciará o Real Digital?

Ainda que o Real Digital seja uma promessa de diversas inovações para o mercado brasileiro, ainda pode levar um tempo até que essa nova moeda seja liberada oficialmente.

Segundo as informações disponíveis, o Banco Central ainda está realizando testes e negociações.

Por enquanto, o projeto-piloto do Real Digital visa identificar ferramentas possíveis, estruturação de processos e implementação gradual dos recursos.

A princípio, o Real Digital só estará disponível para o consumidor final em 2024. Entenda um pouco melhor como funcionará o projeto piloto do Banco Central:

Formulação do projeto-piloto do Banco Central

Segundo as informações disponíveis, o projeto-piloto deve focar no desenvolvimento da infraestrutura para a criação da nova moeda nacional. 

Nesse caso, a primeira etapa está sendo direcionada para a versão do atacado – que visa a transação interna entre instituições financeiras.

Durante o projeto-piloto, as transações serão simuladas, com participação do Bacen e outros agentes do mercado para realizar os testes necessários antes da moeda virtual ser implementada no mercado oficialmente. 

Por enquanto, o foco do Bacen está em utilizar o Real Digital para facilitar as transações e diminuir custos operacionais, conforme já comentamos..

Cronograma do projeto-piloto

Confira o cronograma do projeto-piloto do Real Digital, conforme informações já divulgadas pelo Banco Central: 

  • Abril de 2023: Será realizado um workshop com agentes do mercado para discutir as diretrizes do projeto piloto;
  • Maio de 2023: O Bacen irá selecionar instituições para participar ativamente do piloto. Porém, ainda não foram definidas as regras sobre a seleção dessas instituições financeiras. 
  • Dezembro de 2023: Nesse momento, a expectativa é de que o Real Digital (como tem sido chamada a versão atacado) e o real tokenizado (como é chamado a versão de varejo) estejam bem desenvolvidos. 
  • Fevereiro de 2024: No início de 2024 começam os testes de compra e venda de ativos do Tesouro Nacional, utilizando a nova moeda virtual. 
  • Março de 2024: Avaliação final do projeto-piloto para entender se as aplicações funcionam e quais precisam de algum tipo de aprimoramento.
  • Final de 2024: Lançamento da versão final aos brasileiros. Porém, o Bacen já anunciou que esse processo pode ser atrasado – devido a necessidade de novos testes.

Como se preparar sua empresa para a chegada do Real Digital?

Como qualquer avanço tecnológico, o Real Digital desperta o entusiasmo e temor de muitas pessoas. Além disso, dentro do mercado, ainda restam muitas dúvidas sobre como essa nova moeda vai impactar a saúde financeira das empresas.

De todo modo, a melhor maneira de preparar sua empresa, é entendendo como você pode usar a tecnologia como vantagem competitiva – independente do seu segmento.

Existem muitas aplicações interessantes que já foram lançadas no mercado e que você pode identificar e implementar dentro da sua rotina.

A automação de processos, por exemplo, é uma forma de utilizar sistemas digitais para tornar o dia-a-dia do seu negócio mais dinâmico e eficiente.

Defina um planejamento estratégico eficiente

Além disso, você também pode definir um bom planejamento estratégico, que crie medidas para treinar sua gestão para a chegada do Real Digital.

Um bom Plano de Negócios, por exemplo, pode permitir que sua empresa esteja sempre atenta às novidades do mercado e possa se adaptar conforme novas tecnologias surgem e novas demandas são exigidas pelos consumidores.

Para facilitar essa tarefa, o Asaas oferece um ERP SaaS, responsável por integrar e automatizar processos empresariais. Por meio desse sistema, você consegue analisar todas as informações importantes por meio de um único lugar e, assim, criar um planejamento eficiente.

Confira tudo o que você precisa saber para desenvolver um Plano de Negócios eficiente para sua marca e continuar crescendo e se adaptando a novas tecnologias do mercado!

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Escrito por

Eduardo Kruger

Diretor de produto no Asaas. Trabalha com desenvolvimento de produtos e tecnologia há quase 20 anos. Já atuou em projetos para grandes empresas, como Conta Azul, HSBC S.A., GVT, TV Globo, MasterCard e GuiaBolso. Tem experiência com gestão de times de desenvolvimento, planejamento de projetos e liderança.

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