Gestão Financeira

Como fazer a contabilidade para igrejas sem burocracia

Publicado em . Atualizado em
Por João Vitor Possamai . Tempo de leitura: 8 mins
Padre e contadora em uma entidade religiosa. Estão conversando a respeito da contabilidade para igrejas.

Embora não sejam empresas, igrejas e outras entidades religiosas têm obrigações fiscais e tributárias. Afinal, realizam movimentações financeiras e precisam prestar contas aos órgãos competentes. 

Existem algumas exceções e isenções tributárias específicas para igrejas, que precisam ser avaliadas por profissionais da contabilidade, para garantir que as operações sejam transparentes e acessíveis. 

Por isso, nas próximas linhas, explicaremos as especificidades da contabilidade para igrejas, explicando as obrigações desses órgãos e a importância do auxílio nas obrigações contábeis. Para continuar aprendendo, siga nas próximas linhas. 

Qual a importância da contabilidade para igrejas?

Embora seja uma entidade do terceiro setor, a igreja é uma empresa, com CNPJ ativo e obrigações contábeis e fiscais para com os órgãos competentes. 

Seu funcionamento difere de organizações do segundo setor. Afinal, possui uma natureza jurídica específica, com imunidade tributária e diferentes exigências legais

A entidade ainda realiza a movimentação financeira do montante que compõe seu patrimônio. Por conta disso, a contabilidade faz-se necessária para acompanhar os processos e garantir o cumprimento das exigências legais. 

Porém, mesmo que tenha alguns benefícios por sua atuação, a entidade precisa cumprir suas obrigações contábeis e fiscais, que garantem seus direitos. Falaremos mais a sobre a seguir. 

Imunidade tributária para igrejas

Conforme previsto na Constituição Federal, as entidades religiosas possuem a imunidade tributária. Ou seja, não são tributadas da mesma forma que pessoas jurídicas de outros segmentos.

 Esse direito está previsto na Constituição Federal, artigo 150, inciso VI:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir impostos sobre:         (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

b) entidades religiosas e templos de qualquer culto, inclusive suas organizações assistenciais e beneficentes;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)

Essa imunidade se aplica somente aos impostos. Geralmente, a isenção se aplica a taxas como:

  • IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano): depende de cada município, mas a maioria segue essa isenção;
  • ITBI (Impostos sobre Transmissão de Bens Imóveis);
  • IPVA (Impostos sobre a Propriedade de Veículos Automotores);
  • ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação). 

Saiba mais em: igreja paga imposto?

Quais são as obrigações contábeis de uma igreja?

As entidades religiosas ficam isentas das obrigações principais (tudo o que um empresário deve pagar, como tributos e multas, por exemplo), mas são obrigadas a cumprir com as obrigações acessórias. 

A contabilidade fica responsável pela realização do balancete mensal, que trata do acompanhamento periódico do fluxo de caixa e da saúde financeira da entidade, registrando todas as receitas e despesas. 

Mas, além disso, também é obrigatório o manejo e organização de toda documentação que deve ser entregue à Receita Federal, mesmo que não impliquem na cobrança de tributos. 

Vejam alguns exemplos de documentos obrigatórios na gestão contábil e fiscal de igrejas:

  • Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF): este documento apresenta todo o montante pago em impostos federais (IRPJ, IRRF, IOF, PIS/PASEP, COFINS, etc.), regulamentado pela Instrução Normativa n.º 1599/05. Essa declaração pode ser enviada por meios digitais;
  • Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF): é uma obrigação acessória de todas as pessoas jurídicas, independente da tributação. Vale lembrar que toda entidade religiosa precisa descontar INSS dos funcionários e recolher IRRF para o beneficiário; 
  • Relação Anual de Informações Sociais (RAIS): obrigatória para toda entidade com CNPJ, com entrega feita por meio do eSocial; 
  • Escriturações Contábil Fiscal e Digital (ECF): substitui a Declaração de Rendimentos de Pessoa Jurídica (DIPJ), com entrega obrigatória para a Receita Federal; 
  • Contribuições Sociais (EFD): emitido mensalmente para detalhar operações que estão sujeitas ao PIS e ao COFINS. A ausência de entrega, atraso ou inconsistências estão sujeitas a multas e penalidades; 
  • eSocial: a plataforma substitui a entrega de diversas declarações, centralizando todas as informações em um só sistema, também obrigatório de preenchimento;
  • Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP): envia ao fisco as informações a respeito dos funcionários da igreja. Atualmente, pode ser enviado também via DCTF. 
Obrigações acessórias de uma contabilidade para igrejas.

Como funciona a contabilidade para igrejas?

Como responsável pelo âmbito fiscal e tributário, a contabilidade atua para organizar a documentação, prevenir riscos e evitar problemas. Para igrejas e demais entidades religiosas, o processo não é muito diferente. 

A contabilidade para igrejas deve considerar todas as particularidades legais, a fim de realizar uma boa gestão de recebíveis, ativos e despesas. 

Afinal, ao não cumprir os requisitos, algumas das isenções podem ser retiradas, podendo levar, inclusive, ao fechamento da instituição. 

Assim, funciona de maneira a melhorar os processos, visando alguns pontos, como: 

  • Prevenir riscos e estudar as mudanças nas leis: como a tributação ou a imunidade estão sujeitas às mudanças com Emendas Constitucionais, é preciso que a contabilidade para igrejas mantenha-se atualizada, evitando multas ou a perda dos benefícios; 
  • Orientação personalizada: como são diversas exceções, a contabilidade realizará a revisão dos processos financeiros e contábeis, visando o enquadramento com a lei vigente. 
  • Gerenciamento das operações financeiras: entidades religiosas estão sujeitas a um alto volume de caixa por meio de doações de fiéis, sendo fundamental manter o controle de receitas e despesas, equilibrando o caixa da entidade, a fim de entregar as declarações aos órgãos competentes;
  • Emissão de notas fiscais: a igreja pode prestar algum tipo de serviço para outra empresa, ou para garantir o recebimento de algum valor específico. 
  • Controle de ativos: imóveis e veículos devem ser inclusos como bens materiais da entidade, com obrigatoriedade de declaração aos órgãos competentes. 

3 dicas de como deve ser a contabilidade de uma igreja

Como parte fundamental da gestão de entidades religiosas, a contabilidade pode ser facilitada. Existem diversas formas de gerenciar os processos e obrigações, automatizando os processos e evitando erros ou falhas. 

Mesmo com as particularidades da gestão contábil e tributária, é possível tornar o processo mais fácil e passível de checagens periódicas.

Por isso, separamos algumas dicas para facilitar a contabilidade para igrejas: 

1. Faça uma boa gestão financeira na igreja

A documentação de todos os processos é primordial para a contabilidade. Assim, registrar detalhadamente todas as receitas e despesas facilitará na visualização da situação da entidade. 

Mensalmente, é necessário enviar aos contadores informações como extratos, recibos, comprovantes de receitas e despesas, notas fiscais, pagamento de impostos, entre outros. 

Uma gestão financeira eficiente também permite a criação de um fundo de emergências, útil em momentos de aumento de gastos ou diminuição de contribuições.

Além disso, ela ajuda a manter um fluxo de caixa equilibrado, garantindo o bom funcionamento da entidade e o cumprimento de todas as obrigações financeiras mensais.

Saiba mais sobre como funciona a gestão financeira para igrejas

2. Conte com profissionais especializados

A organização da documentação e o mapeamento da situação financeira podem ser realizados pela área administrativa

No entanto, a adequação certas isenções e a entrega de declarações exigem profissionais especializados em contabilidade para igrejas. 

Isso evita a burocracia da conferência de informações. Um contador experiente saberá exatamente o que é necessário para manter a igreja em funcionamento regular. 

3. Utilize um software de gestão

Um software de gestão financeira vai auxiliar no processo de organização das informações para a contabilidade da igreja. 

Busque por uma plataforma que auxilie em todos os processos essenciais: pagamento de contas, recebimento de doações, registros de receitas e despesas, emissão de notas fiscais, criação de relatórios contábeis, e muito mais. 

O Asaas oferece esses e outros recursos, que podem auxiliar no processo de organização financeira da entidade. 

Com a conta digital para igrejas do Asaas, todos os processos financeiros ficam centralizados em um lugar, facilitando a entrega de todos os documentos obrigatórios. 

Além disso, o Asaas oferece outras funcionalidades, como:

  • Sistema ERP completo, para expandir o processo de gestão da entidade;
  • API de pagamentos de fácil implementação;
  • Link de pagamentos, para facilitar o recebimento de doações pelas redes sociais, por exemplo;
  • Emissão de relatórios financeiros e contábeis completos;
  • Atendimento personalizado 24h por dia, 7 dias da semana. 

Abra sua conta digital no Asaas e comece a usufruir dos recursos essenciais para a contabilidade da sua igreja. 

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Escrito por

João Vitor Possamai

Diretor Financeiro do Asaas. Formado em Finanças e Contabilidade pela New York University (NYU), possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Atuava como diretor no CPP Investments, maior fundo de pensão canadense, com quase 500 bilhões de dólares sob gestão. Já teve passagem pelo Macquarie, em Nova York, e pelo HSBC, em São Paulo.

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