No mundo das finanças, entender como calcular juros é fundamental para tomar decisões inteligentes e assertivas em relação a empréstimos, investimentos e até mesmo transações cotidianas.
A taxa de juros afeta diretamente o custo do dinheiro ao longo do tempo. Em um negócio, seja para a quitação de pendências internas, ou para a criação de cobranças, é preciso considerar o acréscimo destes valores, a fim de ter uma visão mais completa da situação financeira.
Para isso, é preciso aprender sobre a taxa, seus diferentes tipos e, principalmente, como calcular juros simples, compostos e outros. Nas próximas linhas, explicaremos esses pontos e como se aplicam em contextos específicos, como no cartão de crédito e em boletos bancários. Continue lendo!
O que é a taxa de juros?
A taxa de juros representa a remuneração cobrada pelo uso de recursos financeiros emprestados ou o retorno obtido pelo investimento de capital. Por exemplo, em um empréstimo empresarial ou investimento, o juro é cobrado sobre o valor inicial.
De maneira geral, serve como uma forma de “compensar” pelo valor emprestado, considerando o período acordado. Ou seja, é a diferença entre o dinheiro emprestado e o devolvido.
Essa taxa é expressa como uma porcentagem do valor principal, definida considerando diversos fatores, como: risco associado à transação, política monetária do país, oferta e demanda de crédito, entre outros.
Como a taxa de juros é definida?
A taxa de juros é definida com base em uma série de fatores. Cada instituição financeira tem a liberdade de definir suas taxas, seguindo os direcionamentos do Banco Central.
No entanto, de maneira geral, as instituições consideram alguns parâmetros. Por exemplo, a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), taxa básica de juros do país, definida pelo Banco Central e pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Porém, a definição deste valor, apesar de incluir este fator, não se limita a ele. Confira outros pontos importantes para a definição da taxa de juros:
- Inflação: a expectativa de inflação afeta a taxa de juros, uma vez que os credores geralmente exigem uma compensação adicional para compensar a perda de poder de compra ao longo do tempo.
- Risco de crédito: quanto maior o risco percebido de inadimplência, maior a taxa de juros que será exigida pelo emprestador. Ou seja, caso a instituição identifique alguma falha no pagador, a taxa cobrada será mais alta, para evitar prejuízos.
- Oferta e demanda de crédito: em um mercado onde a oferta de crédito é alta e a demanda é baixa, as taxas de juros tendem a cair, e vice-versa.
- Prêmio de liquidez: a liquidez de um investimento também afeta sua taxa de juros. Investimentos menos líquidos geralmente pagam uma taxa de juros mais alta.
Quais são os tipos de juros mais comuns?
No cálculo desse valor que será devolvido pelo pagador, existem muitas categorias de juros disponíveis.
Conhecer os tipos de juros mais comuns do mercado, como são calculados e como afetam os diversos aspectos das transações financeiras é essencial para tomar decisões informadas. Afinal, em alguns casos, o valor final pode ser muito diferente, dependendo da categoria de juros definida.
Veja algumas das categorias mais comuns:
- Juros simples: os juros simples são calculados apenas sobre o valor inicial emprestado ou investido, sem considerar os juros acumulados ao longo do tempo. O cálculo multiplica o valor inicial, pela taxa de juros, pelo tempo definido.
- Juros compostos: por outro lado, os juros compostos são calculados sobre o capital inicial e também sobre os juros acumulados em cada período. Isso significa que os juros são reinvestidos ao longo do tempo, gerando um crescimento exponencial do valor investido.
- Taxa de juros nominal: é a taxa declarada em um contrato ou investimento, sem considerar o efeito da capitalização dos juros ao longo do tempo.
- Taxa de juros efetiva: considera a capitalização dos juros e representa a taxa real de retorno ou custo do dinheiro.
- Taxa Pré-fixada e Taxa Pós-fixada: uma taxa pré-fixada é aquela determinada previamente, antes do período de aplicação do capital. Já uma taxa pós-fixada é ajustada de acordo com algum índice de referência, como a taxa Selic ou o IPCA, sendo conhecida apenas ao final do período de aplicação.
Como calcular juros?
No mercado atual, as taxas de juros mais comuns de encontrar nas transações financeiras são de juros simples e juros compostos. Para facilitar o entendimento de como funcionam, explicaremos o cálculo de ambas nas próximas linhas.
No entanto, é importante ressaltar que é obrigação de todas as instituições financeiras, ou em todas as transações, explicar qual é a taxa de juros sendo aplicada. O Asaas, por exemplo, enquanto instituição financeira, disponibiliza todas as suas taxas aqui.
Até mesmo porque, em alguns casos, a cobrança pode ser considerada abusiva, e é possível buscar pelos direitos.
Conforme o Artigo 51, da Lei 8.078, do Código de Defesa do Consumidor:
“São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;”.
1. Como calcular juros simples?
Para calcular a taxa de juros simples é preciso considerar apenas o valor inicial emprestado ou investido, ou seja, não é incluído os juros acumulados ao longo do tempo.
Fórmula juros simples
A fórmula para calcular a taxa de juros simples é:
Juros = Principal × Taxa × Tempo
Onde:
- Principal: o valor inicial da linha de crédito ou investimento.
- Taxa: representa a taxa de juros por período (geralmente expressa em forma decimal).
- Tempo: refere-se ao período em que o dinheiro é emprestado ou investido.
Após calcular os juros, é possível determinar o montante total (Principal + Juros) ao adicionar os juros ao valor principal.
Exemplo de juros simples:
Considerando um empréstimo realizado de R$ 100.000, com juros de 5% ao mês, por 5 meses. O cálculo ficaria da seguinte forma:
- Juros: 100.000 x 0,05 x 5 = R$ 25.000
- Montante: 100.000 + 25.000 = R$ 125.000.
Ao final do período do empréstimo, o valor pago será de R$ 125.000. Veja outro exemplo:
2. Como calcular juros compostos?
Para calcular os juros compostos é necessário considerar o capital inicial e os juros acumulados em cada período.
Fórmula juros compostos
A fórmula para calcular a taxa de juros compostos é:
- Montante = Principal x (1+ Taxa) ^n
Onde:
- Principal: o valor inicial do empréstimo ou investimento.
- Taxa: representa a taxa de juros por período (geralmente expressa em forma decimal).
- Tempo: refere-se ao número de períodos em que o dinheiro é emprestado ou investido.
- n: É a frequência de capitalização dos juros por período.
A diferença fundamental entre os juros simples e compostos é que, nos juros compostos, os juros são adicionados ao principal após cada período e, a partir daí, geram juros adicionais nos períodos subsequentes.
Exemplo de juros compostos:
Considerando um empréstimo realizado de R$ 100.000, agora com juros compostos dos mesmo 5% ao mês, por 5 meses.
- Montante = 100.000 x (1+0,05)^5.
- Montante = 100.00 x 1,2762815625
- Montante = R$ 127.628,16
Veja outro exemplo:
O que é o Custo Efetivo Total (CET)?
Embora as taxas de juros sejam cobradas em diversas operações financeiras, o Custo Efetivo Total (CET) é uma métrica financeira que visa representar o custo total de um empréstimo ou financiamento.
Assim, incluindo não apenas a taxa de juros, mas também todas as outras despesas e encargos financeiros associados à operação. Dessa maneira, consideram-se outros fatores, como:
- Taxa de juros efetiva: incluindo a taxa nominal de juros e a frequência de capitalização dos juros.
- Tarifas e encargos: como taxas de abertura de crédito, seguros obrigatórios, entre outros.
- Tributos e impostos para empresas: como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), quando aplicável.
O CET é calculado com base nas características específicas de cada operação financeira e é expresso como uma taxa percentual anual. É uma ferramenta importante para comparar diferentes opções de crédito e entender o verdadeiro custo de um empréstimo ou financiamento.
Quais as taxas de juros do cartão de crédito?
Desde janeiro de 2024, segundo o Banco Central, entraram em vigor as novas regras que limitam os juros rotativo do cartão de crédito. Com isso, a cobrança de juros não pode exceder o valor de 100% da dívida.
A regra foi estabelecida em dezembro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Entretanto, o custo do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), está fora desse cálculo. Isso pode aumentar o CET de uma dívida financeira de cartão de crédito.
Para entender melhor, as principais taxas a serem considerados sobre os juros do cartão de crédito são:
- Taxa de juros ao mês ou taxa de juros ao ano: os cartões de crédito têm uma das taxas de juros mais altas do mercado financeiro. Elas podem variar significativamente entre os diferentes emissores do cartão e também podem ser impactadas pelo perfil de crédito do cliente.
- Juros de atraso da fatura: ao não quitar a fatura até a data de vencimento, o saldo não pago será automaticamente sujeito a juros. Esses juros serão cobrados diariamente até o pagamento do montante total da fatura.
- Taxa de juros ao pagar o mínimo da fatura: os emissores de cartões de crédito geralmente exigem um pagamento mínimo mensal, que é um percentual do saldo devedor mais os encargos financeiros. No entanto, pagar apenas o valor mínimo resultará em juros adicionais sendo aplicados ao saldo remanescente.
- Taxa de juros cartão de crédito parcelado: os juros do parcelamento podem variar de 0,99% a 9,99%. Além dos juros padrão, os emissores de cartões de crédito também podem oferecer opções de parcelamento para saldos não pagos integralmente.
O Banco Central disponibiliza um relatório com as taxas de juros de cada instituição financeira. Nesta lista, é possível encontrar todas as porcentagens aceitas pelo BC.
Quais os juros de boleto bancário?
Os juros de boleto são aplicados quando um boleto não é pago até a data de vencimento. Assim como os juros do cartão de crédito, os juros de boleto bancário são calculados diariamente sobre o saldo devedor e adicionados ao valor total do boleto em atraso.
Alguns pontos importantes sobre a taxa de juros de boleto bancário incluem:
Taxa de juros de boleto atrasado
A taxa de juros do boleto tem regras que precisam ser seguidas. O valor máximo que pode ser cobrado de juros por atraso é de 1% ao mês, conforme estabelecido pelo art. 161 do Código Tributário Nacional.
Assim como no cartão de crédito, os juros de boleto bancário podem variar conforme o emissor do boleto e o tipo de serviço financeiro utilizado. Geralmente, esses juros são expressos como uma taxa percentual ao mês ou ao ano.
Cobrança de juros e multa
Além dos juros, os boletos bancários em atraso também podem estar sujeitos a multas por atraso, que representam uma porcentagem do valor total do boleto.
Segundo o Art. 52 do Código de Defesa do Consumidor, a multa por atraso de boleto não pode ultrapassar 2% sobre o valor da prestação ou boleto. Essas multas são geralmente cobradas com os juros.
Se um boleto bancário não for pago até a data de vencimento, o devedor poderá enfrentar uma série de consequências. É possível inferir restrições de crédito, inclusão em cadastros de inadimplentes e até mesmo ações legais por parte do emissor do boleto para recuperar o valor devido.
As taxas de juros podem prejudicar diversos processos financeiros e, por isso, estar ciente do que elas são e como funcionam é essencial para a saúde financeira do negócio.
Agora que você já sabe mais sobre como calcular juros e como as categorias mais importantes do mercado funcionam, é importante saber que outras linhas de crédito podem ser mais vantajosas para a sua empresa.
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