Crédito e investimento

Toda empresa pode buscar aporte de capital? Guia para captação

Publicado em . Atualizado em
Por João Vitor Possamai . Tempo de leitura: 12 mins
Empresários fechando acordo de aporte de capital após reuniões e contratos assinados. Todos os gestores estão reunidos em volta deles, que apertam as mãos.

Aportar capital é uma das decisões mais estratégicas e delicadas para qualquer empresa que deseja crescer com solidez. O que aprendi ao longo dos anos, é que aporte não é só dinheiro entrando, é planejamento, preparo e execução alinhados.

Como CFO do Asaas, vivi essa jornada na prática, desde os primeiros passos de preparação para a captação, até a estruturação de operações milionárias, como o FDIC do Asaas, de R$ 50 milhões, em 2023

A seguir, vou abordar as principais dúvidas quando o assunto é aporte de capital, te dando algumas dicas enquanto insider nesse mercado, para que você aprimore seu processo! Vamos lá?

O aporte de capital precisa ter um destino?

Em essência, o aporte de capital trata-se da injeção de recursos financeiros, com o objetivo de financiar as operações do negócio. Ou seja, esse montante precisa ser destinado a algum fim de necessidade da sua empresa. 

Antes de buscar a captação de recursos, você precisa definir o destino do valor aportado: crescimento, quitação de dívidas, investimento em novos projetos, compra de recursos ou desenvolvimento de infraestrutura. Sem um propósito, o aporte perde seu valor estratégico. 

Aqui no Asaas, por exemplo, participei diretamente de grandes rodadas de captação que ilustram bem essa diversidade de finalidades

  • Em 2024, também trabalhamos juntos na captação de R$ 820 milhões da BOND, com grandes investidores, como SoftBank, 23S Capital e Endeavor Catalyst. O aporte foi necessário para investirmos em tecnologia, infraestrutura e recursos humanos necessários para o crescimento. Além da aquisição de novos negócios. 

Como costumo dizer:

“O aporte de capital não é um fim em si mesmo, mas um meio para alcançar objetivos maiores. Seja para expandir a equipe, desenvolver novas tecnologias ou realizar uma aquisição estratégica, ele deve ser parte de um plano financeiro robusto e bem pensado.”

No Asaas, o jogo virou justamente quando conseguimos alinhar capital e estratégia, nos dando confiança e recursos para alcançar novos patamares.

Portanto, é sempre importante mostrar não só para onde o dinheiro vai, mas que a empresa está preparada para utilizá-lo da melhor forma. 

O aporte de capital pode ser feito por qualquer empresa? 

Na teoria, posso dizer que sim. Na prática, porém, a história muda: poucas empresas estão verdadeiramente preparadas para dar esse passo. 

Receber capital externo, seja por fundos, investidores ou outras modalidades, exige maturidade de gestão, clareza financeira e uma visão estratégica consistente de crescimento. 

Se você está buscando aporte, comece entendendo uma coisa: o investidor não vai colocar dinheiro em qualquer empresa. Ele busca negócios estruturados, que já estejam funcionando bem e prontos para acelerar. Não é mágica, é estratégia. 

No Asaas, por exemplo, quando captamos R$ 820 milhões em 2024, não foi apenas por uma questão de valor financeiro. Essa rodada de investimento aportada foi a confirmação do nosso potencial e a oportunidade de acelerar nossa estratégia de crescimento.

Para concretizar nossos planos, esse aporte nos permitiu:

  • Expandir fortemente nosso time, principalmente nas áreas de tecnologia e produto, para manter a inovação constante e a qualidade no atendimento.
  • Investir em infraestrutura tecnológica robusta para suportar o crescimento acelerado da base de clientes. Já contamos com mais de 200 mil clientes ativos.
  • Avançar em aquisições estratégicas, como a compra da Nexinvoice, que ampliou nosso portfólio de soluções de automação financeira.
  • Reforçar nossa presença nacional e ampliar a oferta de serviços financeiros, fortalecendo o posicionamento do Asaas como líder em gestão financeira para PMEs.
Critérios importantes para o aporte de capital

Como meu parceiro, Junior Beltrão, CRO do Asaas, mencionou na entrevista à Veja

“A captação nos permitiu acelerar nosso plano de crescimento, sempre com responsabilidade e foco em gerar valor para nossos clientes.”  

Por isso, para qualquer empresa que busca aporte, é fundamental entender que o capital não salva uma empresa que não está funcionando. Ele potencializa um motor que já está ligado, e esse motor precisa estar preparado para acelerar.

Quais os principais desafios de quem quer aportar capital?

A busca por capital é, sem dúvida, um dos desafios mais críticos para qualquer empresa em crescimento

Ao longo da minha carreira, com aportes de capital dos dois lados da mesa, entendo que o maior risco da operação não é o capital. As ineficiências e erros estratégicos que muitas empresas cometem ao longo do processo, causam maior impacto.  

Afinal, todo esse processo não se trata de uma jornada emocional, mas de uma operação complexa que exige planejamento e controle rigorosos. 

Com base em toda a minha história no mercado financeiro, posso elencar algumas das maiores dificuldades que enfrentei no processo:  

1. Entender se a empresa está adequada ao aporte de capital

Entender se a empresa realmente está pronta para captar recursos, é o ponto mais importante, e acaba sendo negligenciado. Em muitos casos, presenciei empreendedores buscando investimento cedo demais, ou com objetivos desalinhados com a fase do negócio. 

Sempre digo que, investidores de verdade buscam, essencialmente, três pontos: 

  • Empresas com um plano de crescimento claro;
  • Um plano de negócios que já foi testado; e
  • Uma equipe que inspire confiança. 

É claro que existem outras considerações durante o processo, individuais para cada empresa. Mas, já é possível começar por esses critérios. 

Por isso, é importante que você faça uma análise honesta e objetiva da situação, para entender se a empresa está realmente apta, para captar recursos

Para facilitar, responda às seguintes perguntas: para que serve esse capital? Que retorno você pode entregar com ele? Você já tem tração, mercado e dados que provem o potencial de crescimento? 

Somente se você tiver resposta contundente para cada uma delas, considere seguir adiante. Caso contrário, consolide melhor o seu negócio, garanta uma base sólida, que ofereça respostas precisas, e só assim, reconsidere a captação de recursos novamente.

2. Estruturar uma proposta de valor clara e objetiva

Considerando que a sua empresa esteja pronta, é importante oferecer uma boa proposta de valor, para o processo de captação avançar. Nenhum investidor comprará suas ideias, se elas forem vagas e soltas.  

Para isso, é necessário definir uma visão de futuro, com um bom planejamento empresarial, metas, propostas, com dados concretos. E, junto a isso, a execução dos planos, com números sólidos e um caminho definido. 

Já pensou ter uma boa ideia, e não saber apresentá-la de forma clara? Já vi isso acontecer diversas vezes, com diferentes tipos de negócio. A desorganização acaba até mesmo com o pitch de vendas.

Aqui, o seu desafio é responder de forma rápida e direta as perguntas que mais importam: qual problema você resolve? Qual é a sua solução? Qual o tamanho do mercado? Como você monetiza? E, principalmente, qual o retorno esperado para o investidor?

Mais uma vez, caso tenha dificuldades ou não encontre clareza em algum ponto, ligue o sinal de alerta. Não vale a pena arriscar a reputação do seu negócio, então, busque outras alternativas para fortalecer a sua base. 

Para proteger e manter a empresa durante o processo de preparação para a captação, você pode focar na redução de custos, aumento da eficiência, busca de parceiros estratégicos e financiamento bancário.

A antecipação de recebíveis que oferecemos no Asaas, por exemplo, é um bom recurso para capital de giro, permite recorrência de obtenção, e é uma boa alternativa em diferentes situações.

3. Saber escolher os tipos de captação de capital

Se você teve avaliações negativas até aqui, não desista, ainda tem algumas alternativas! Existe mais de uma forma de aportar capital. Cada um dos modelos tem sua finalidade, custo e impacto no negócio. 

Desde o começo da minha carreira, lidei com diferentes estruturas de investimento, de Private Equity a venture capital, passando por FIDCs e investimentos anjo, o que me ensinou que escolher o tipo certo faz toda a diferença.

O importante é alinhar o tipo de capital, com o estágio da empresa e o motivo do investimento. Com isso, garantir que as intenções estejam alinhadas. 

Para te auxiliar na escolha, separei algumas das principais formas de aporte, com exemplos práticos, aqui do Asaas e do mercado:

  • Private Equity e Venture Capital: fundos especializados em empresas com alto potencial de crescimento. O Venture Capital costuma focar em startups em estágio inicial ou intermediário; já o Private Equity atua em empresas mais maduras, com foco em expansão ou reestruturação. O investimento de R$ 820 milhões, do Asaas, foi captado por meio de venture capital, com a BOND. 
  • Investimento-anjo: são pessoas físicas, com capital e experiência, que investem em startups e empresas em fase inicial, em troca de participação societária, oferecendo também mentoria. É voltado para empresas iniciantes, sendo um bom exemplo, as empresas que participam do Shark Tank Brasil, patrocinado pelo Asaas
  • FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios): estrutura usada para captar recursos com base na antecipação de recebíveis — como boletos, carnês ou cartões. Foi nessa estrutura que o Asaas captou R$ 50 milhões, visando potencializar sua oferta de crédito. 
  • Investimento próprio ou Bootstrapping: você utiliza de recursos próprios ou de familiares para injetar capital na empresa, sem buscar investimentos externos de fundos, como bancos e investidores anjo, por exemplo.

Essa última alternativa, pode ser a mais viável no início do negócio. Pode parecer uma solução simplória, mas ela não limita ou impede o crescimento a longo prazo. Foi assim que o Asaas iniciou a sua jornada, até começar a atrair investidores, nas grandes rodadas que relatei até aqui. 

Principais tipos de aporte de capital.

4. Preparar-se para o processo de due dilligence

Se o aporte é uma negociação, o due diligence é uma investigação minuciosa que o investidor faz para validar tudo o que você apresentou. E isso pode assustar.

Nesse processo, é comum que os investidores encontrem: documentação incompleta, inconsistências financeiras ou problemas legais; e esses são os erros mais comuns que vejo derrubarem aportes promissores. 

Aqui no Asaas, trabalhamos para ter toda a governança e dados organizados desde o início, o que se tornou fundamental para ganhar agilidade e credibilidade.

Minha recomendação: comece a se preparar para o due diligence desde o primeiro dia, mantenha tudo documentado, transparente e pronto para auditoria. Isso não só evita surpresas, mas mostra profissionalismo e seriedade.

5. Negociar corretamente os termos do contrato

Essa é uma das etapas mais sensíveis do processo de aporte de capital. O valor é importante, mas tanto quanto ele, são as cláusulas contratuais. 

Termos como valuation, diluição, vesting, cláusulas de saída preferencial, direitos de voto e representação no conselho podem determinar tomadas de decisões

E uma negociação mal feita pode comprometer sua autonomia, a cultura da empresa e até a viabilidade do projeto.

Aconselho todas as empresas a sempre buscarem assessoria jurídica e financeira especializada. Entenda cada cláusula e seus impactos a longo prazo. Não tenha pressa para assinar e saiba o que você não pode, ou não, abrir mão.

Descubra como encontrar investidores em um guia prático.

O aporte de capital é a única forma de conseguir recursos?

Apesar de ser uma forma importante de conseguir investimento financeiro, principalmente para empresas em crescimento, não é o único modo de captar recursos. 

Existem diversas outras fontes e estratégias para obter investimento. Afinal, é a maturidade do negócio que vai guiar a busca por investidores.

Algumas alternativas que aconselho, para iniciantes, empresas de pequeno porte ou que não se enquadram nos requisitos necessários para as rodadas de investimento, são as linhas de crédito tradicionais

Mas, pense bem antes de solicitar um empréstimo ou fazer um financiamento. As altas taxas de juros podem acabar com o seu fluxo de caixa e capital de giro da sua empresa.

Uma forma de crédito bastante vantajosa, que citei anteriormente, é a antecipação de recebíveis. Ela substitui um empréstimo, adiantando crédito, que você já receberia em cobranças futuras, sendo uma opção, muitas vezes, mais rápida e acessível. 

O Asaas é uma instituição financeira regulamentada pelo Banco Central que oferece essa funcionalidade. Por aqui, já movimentamos mais de R$ 2 bilhões em valores antecipados, ajudando empresas a transformar vendas futuras em capital imediato, sem que precisem recorrer a empréstimos com juros altos ou diluição societária. 

Muitas vezes, usar soluções acessíveis e reguladas, como as oferecidas pelo Asaas, pode garantir fôlego financeiro com mais controle e menor risco.

Se este é o momento do seu negócio ou você deseje saber mais, conheça a antecipação de recebíveis do Asaas e saiba como ela pode auxiliar no crescimento estratégico da sua empresa. 

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Escrito por

João Vitor Possamai

Conheça João Vitor Possamai CFO do Asaas e seu especialista em gestão financeira, contabilidade e crédito. Com mais de uma década de experiência no mercado financeiro global, não apenas lidera equipes de alta performance no Asaas, mas também compartilha seu vasto conhecimento para empoderar pequenas e médias empresas (PMEs) e negócios de tecnologia no Brasil. Formado em Finanças e Contabilidade pela New York University, sua trajetória inclui passagens por gigantes como CPP Investments, Macquarie e HSBC. Sua expertise abrange Investment Banking, Private Equity e Fintech, atuado em Conselhos de Administração no Chile, México e Brasil. No blog do Asaas, desmistifica temas cruciais como fluxo de caixa, impostos para empresas, investimento financeiro, nota fiscal, antecipação de recebíveis, empréstimo e capital de giro. Cada artigo é um reflexo de sua paixão, traduzindo conceitos complexos em insights práticos e acionáveis para o seu negócio. "Eu sou apaixonado por finanças, investimentos, private equity, macroeconomia, tecnologia e pagamentos. Por essa razão, trabalho para ajudar as pessoas e empresas a desbravarem o incrível mundo das finanças." Confie em um especialista que não apenas fala sobre finanças, mas as vive. As publicações de João Vitor Possamai são um recurso valioso para quem busca otimizar a saúde financeira da sua empresa, aumentar a lucratividade e tomar decisões estratégicas com segurança.

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