Gestão Financeira

O que é a Taxa Selic? Impactos nas finanças empresariais

Publicado em . Atualizado em
Por João Vitor Possamai . Tempo de leitura: 9 mins
Mão segura madeiras com percentual, representando O que é a taxa Selic.

As linhas de crédito brasileiras se baseiam no valor definido pela taxa Selic —  Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A Selic é a principal taxa de juros da economia brasileira. 

Definida periodicamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, ela é um dos principais instrumentos utilizados para controlar a inflação e regular a atividade econômica no país

Para compreender sobre o que se trata esta taxa, seu funcionamento e suas implicações é essencial para empresários, investidores e consumidores que desejam tomar decisões financeiras informadas e estratégicas, continue a leitura!

O que é a taxa Selic? 

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, sendo um dos principais instrumentos de política monetária utilizado pelo Banco Central do Brasil. Ela é utilizada em países, como o Brasil, que utilizam o regime de meta de inflação. 

Assim, a taxa serve como referência para as demais taxas de juros praticadas no mercado, influenciando diretamente a economia do país. 

Ela leva esse nome por conta do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, administrado pelo Banco Central, em que se negociam os títulos públicos federais em instituições financeiras. Ou seja, esse sistema considera a necessidade do Governo no pagamento de dívidas ou investimentos. 

A Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se reúne a cada 45 dias para avaliar e ajustar a taxa conforme necessário. 

Quem define a meta de inflação?

A meta de inflação é um objetivo estabelecido pelo governo, geralmente por meio do Banco Central, para a taxa de inflação em um determinado período, normalmente um ano. 

Esse objetivo serve como um guia para a política monetária do país, orientando as ações do Banco Central para manter a inflação em limites considerados saudáveis para a economia.

O principal objetivo da meta de inflação é assegurar a estabilidade dos preços. A estabilidade de preços é fundamental para o crescimento econômico sustentável, ao oferecer um ambiente previsível para consumidores, empresas e investidores. 

Para que serve a taxa Selic?

Após entender o que é a taxa Selic, é importante compreender para que ela serve. De maneira geral, ela foi criada para regulamentar o preço das vendas dos títulos do Governo e também para combater a inflação. 

Quando a inflação está alta, o Banco Central pode aumentar a Selic para encarecer o crédito e reduzir o consumo, o que tende a diminuir a pressão inflacionária. Afinal, quando os juros estão altos, as pessoas compram menos, reduzindo a demanda do mercado, gerando a diminuição dos preços. 

Além disso, a Selic também serve como base para o cálculo dos juros cobrados em empréstimos empresariais e financiamentos. Quando a Selic aumenta, o custo do crédito para empresas e consumidores também sobe, tornando o crédito mais caro. Quando a Selic diminui, o crédito fica mais acessível.

Outro ponto que a taxa influencia são nos rendimentos de diversos investimentos. Especialmente os de renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, CDBs e poupança. 

Quando e como a taxa Selic é definida?

A taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), um órgão do Banco Central do Brasil. O Copom se reúne regularmente, a cada 45 dias, para avaliar as condições econômicas do país e decidir sobre a taxa de juros básica

Durante essas reuniões, os membros do comitê analisam uma série de indicadores econômicos, como inflação, atividade econômica, mercado de trabalho e cenário internacional.

O processo de definição da taxa Selic envolve:

  • Análise Econômica: o Copom avalia os dados econômicos mais recentes, incluindo o comportamento da inflação, crescimento do PIB, desemprego e condições do comércio exterior.
  • Discussão de Cenários: os membros discutem diferentes cenários econômicos, considerando as possíveis evoluções dos indicadores e os riscos associados.
  • Decisão da Taxa: Com base nessa análise, o Copom decide se a taxa Selic deve ser aumentada, reduzida ou mantida. A decisão é tomada por meio de votação, onde cada membro expressa sua opinião sobre a política monetária adequada.

Após a reunião, o Banco Central divulga a decisão do Copom juntamente com um comunicado que explica as razões por trás da decisão. Esse comunicado fornece informações sobre a visão do Copom a respeito da economia e suas expectativas para o futuro.

Como a mudança da taxa impacta as empresas?

Além de ditar as taxas de juro do mercado brasileiro, a taxa Selic impacta no dia a dia das empresas de outras diversas formas. Afinal, como está diretamente relacionada ao crédito, custos operacionais e despesas com dívidas, por exemplo, podem impactar diretamente o fluxo de caixa empresarial

Para preparar todas as operações financeiras para as variações da Selic, é importante conhecer as principais formas de impacto que a empresa pode sofrer. Confira: 

  • Custo do crédito: quando a Selic sobe, os custos de empréstimos e financiamentos aumentam, tornando mais caro para a obtenção de crédito empresarial para investir em expansão, comprar insumos ou capital de giro. Em contrapartida, quando a Selic cai, os custos de financiamento diminuem, facilitando o acesso ao crédito.
  • Impacto nos investimentos para empresas: a taxa de juros afeta as decisões de investimento das empresas. Taxas mais altas tendem a desestimular injeção monetária em projetos de longo prazo devido ao custo mais elevado do capital. 
  • Impacto no consumo pelo público: taxas de juros mais altas reduzem o poder de compra dos consumidores ao aumentarem o custo do crédito pessoal e do financiamento. Isso pode levar a uma diminuição na demanda por produtos e serviços, afetando negativamente as vendas das empresas. 
  • Valorização do real: alterações na Selic podem impactar a taxa de câmbio. Um aumento na Selic pode atrair investimentos estrangeiros, fortalecendo o real.  Isso pode ser positivo para empresas que importam insumos, mas pode afetar negativamente as exportações, tornando seus produtos menos competitivos no mercado internacional.

Como lidar com o impacto da atualização da taxa Selic?

É inegável que, com a variação da taxa Selic, haverá impactos financeiros no caixa da empresa. Independente de variação positiva ou negativa, a empresa deve criar estratégias para lidar com o efeito da mudança nas finanças. 

Existem diversas previsões da variação da taxa para serem monitoradas. Por isso, é importante sempre acompanhar as tendências de mercado. Além de também ter planos de contenção ou expansão, a depender das mudanças. 

Veja algumas estratégias para lidar com os efeitos da Selic nas finanças da empresa:

1. Monitore as decisões do Copom

É muito importante acompanhar as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e entender as direções futuras da taxa Selic.  

A leitura da Ata do Copom pode fornecer informações fundamentais para as decisões da empresa. Afinal, a documentação aborda as expectativas do Banco Central em relação à inflação e à economia. Essas informações ajudam a antecipar movimentos de juros e a ajustar as estratégias financeiras da empresa.

2. Gestão do fluxo de caixa

Realizar o controle do fluxo de caixa é fundamental para enfrentar variações na taxa Selic. Um aumento nos juros pode elevar os custos de financiamento e comprometer a liquidez, enquanto a baixa pode dar mais flexibilidade na tomada de decisões. 

No entanto, como a variação é constante, é importante manter um orçamento mensal, um fundo de emergência, além de tentar melhorar as taxas em negociações. 

Considere a possibilidade de ajustar prazos de pagamento e recebimento, renegociar dívidas e buscar alternativas de financiamento que ofereçam melhores condições.

Imagem mostra o demonstrativo de fluxo de caixa saudável.

3. Diversifique as fontes de financiamento

Diversifique suas fontes de financiamento para mitigar os impactos de oscilações na Selic. Explore opções como linhas de crédito com taxas fixas, investidores externos ou até mesmo financiamento via emissão de debêntures. 

Ter uma combinação de diferentes fontes de capital pode proteger a empresa contra mudanças abruptas na taxa de juros.

4. Ofereça opções de pagamento atraentes

Com a Selic alta, o crédito ao consumidor se torna mais caro, o que pode afetar as vendas. Por isso, é importante criar estratégias de venda para manter as entradas financeiras empresariais.  

Ofereça diferentes formas de pagamento que facilitem a aquisição de seus produtos ou serviços, como parcelamentos sem juros ou condições diferenciadas para pagamentos à vista. Isso pode ajudar a manter a demanda e fidelizar clientes.

O Asaas, por exemplo, é uma instituição financeira que oferece diversas maneiras de fechar vendas e realizar pagamentos, tanto para os meios físicos quanto digitais. Além de diversificar as entradas, também é mais fácil de alcançar as preferências dos clientes. 

Meios de pagamento Asaas.

5. Educação financeira e planejamento

Invista em educação financeira para a equipe responsável pela gestão financeira da empresa. Um entendimento aprofundado sobre como a Selic influencia a economia e as finanças empresariais pode auxiliar na tomada de decisões estratégicas mais informadas. 

Uma alternativa também é contar com uma contabilidade para empresas, que direcionará as decisões a respeito de investimentos, financiamentos, empréstimos e, até mesmo, no pagamento de impostos para empresas. A empresa consegue, assim, traçar um planejamento financeiro mais estratégico. 

Para continuar aprendendo sobre aspectos da economia que podem impactar a gestão financeira da empresa, continue lendo sobre Como calcular margem de lucro no blog do Asaas!

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Escrito por

João Vitor Possamai

Diretor Financeiro do Asaas. Formado em Finanças e Contabilidade pela New York University (NYU), possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Atuava como diretor no CPP Investments, maior fundo de pensão canadense, com quase 500 bilhões de dólares sob gestão. Já teve passagem pelo Macquarie, em Nova York, e pelo HSBC, em São Paulo.

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