Gestão Financeira

Como calcular margem de lucro ideal para precificar certo?

Publicado em . Atualizado em
Por João Vitor Possamai . Tempo de leitura: 10 mins
Pilhas de moedas com setas crescentes sendo analisadas com lupa por um homem, ilustrando como calcular margem de lucro.

Segundo o IBGE, 48% dos negócios fecham as portas por falta de planejamento e gestão financeira. Para contornar esse cenário e garantir a saúde empresarial, é preciso saber como calcular margem de lucro corretamente.

Dominar esse cálculo com precisão auxilia a tomar decisões mais assertivas, além de viabilizar a definição de preços competitivos e o ajuste nas estratégias de crescimento. 

Continue lendo para aprender o passo a passo de como calcular a margem de lucro da forma certa e como utilizá-la para impulsionar o sucesso do negócio.

O que é margem de lucro?

A margem de lucro é um indicador financeiro que mede a rentabilidade de uma empresa, mostrando a porcentagem do lucro obtido em relação à receita total gerada. 

Ela serve para avaliar o desempenho financeiro, permitindo entender quanto das vendas realmente se converte em lucro após o pagamento dos custos e despesas.

Vale ressaltar que, uma margem de lucro alta nem sempre significa um grande volume de vendas, assim como o oposto. Além disso, existem dois tipos: margem de lucro bruta e margem de lucro líquida.

Qual a diferença entre margem de lucro líquida e margem de lucro bruta?

A diferença entre a margem de lucro líquida e a margem de lucro bruta, está nos tipos de custos e despesas que cada uma considera ao calcular a rentabilidade de uma empresa.

A margem de lucro bruta foca no valor obtido após deduzir apenas os custos diretos de produção dos produtos ou serviços vendidos. Esses incluem matérias-primas, mão de obra direta e outros diretamente relacionados à fabricação ou aquisição dos produtos. 

Isso significa que ela não reflete o lucro total do empreendedor, pois ainda há despesas adicionais que não foram contabilizadas.

Por outro lado, a margem de lucro líquida mostra o lucro final da empresa após a dedução de todos os custos e despesas, como operacionais (salários, aluguel, marketing), impostos, juros sobre dívidas, entre outros. 

Portanto, esse indicador reflete o que efetivamente “sobra” no caixa após todas as deduções, fornecendo uma visão mais completa da rentabilidade do negócio.

Diferença entre margem de lucro líquida e margem de lucro bruta

Qual é a importância de calcular a margem de lucro corretamente?

Calcular a margem de lucro corretamente é crucial para garantir o sucesso e sustentabilidade do negócio. 

Esse indicador de desempenho financeiro permite que a empresa avalie sua rentabilidade ao revelar quanto da receita gerada se converte em lucro. Esse dado auxilia a identificar se o negócio está lucrativo ou operando no vermelho. 

Além disso, proporciona diversos outros benefícios:

  • Preços competitivos: garante que os produtos ou serviços cubram todos os custos e gerem lucros, sem afastar os clientes;
  • Processo de tomada de decisão estratégico: facilita decisões em relação à cortes de despesas, novos investimentos ou estratégias de expansão;
  • Melhora da gestão financeira: identifica possíveis áreas onde os custos podem ser elevados e onde implementar ajustes para melhorar a rentabilidade;
  • Melhora na relação com investidores/credores: o indicador de margem de lucro é utilizado para avaliar a saúde financeira empresarial antes de investir ou conceder crédito;
  • Plano de crescimento: permite que a empresa desenvolva estratégias de longo prazo com base em dados reais e consistentes.

Qual a margem de lucro permitida por lei?

No Brasil, a legislação não estabelece um limite fixo para a margem de lucro das empresas. Cada uma tem a liberdade de definir sua margem de acordo com seus custos, estratégias de precificação e condições de mercado. 

No entanto, é importante que o lucro praticado não seja abusivo. Essa recomendação é especialmente destinada a setores essenciais ou regulados, como combustíveis, medicamentos, e tarifas de serviços públicos. Nesses casos, há maior controle por parte de órgãos reguladores.

A prática de preços excessivamente altos, sem justificativa clara de custos, pode ser enquadrada como abuso econômico ou prática abusiva pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).

A Lei n.º 12.529/2011, que rege a defesa da concorrência no Brasil, proíbe o abuso de poder econômico. Uma dessas práticas é a oferta de preços excessivos que prejudicam o consumidor ou a concorrência.

Em setores regulados, como saúde e energia, existem margens de lucro controladas ou regulamentadas pelas agências reguladoras específicas, como a ANEEL (energia elétrica) e ANS (planos de saúde).

Como calcular margem de lucro mensal?

Para calcular a margem de lucro mensal de forma precisa, é essencial primeiro determinar o lucro obtido no mês, que pode ser bruto ou líquido. 

Confira abaixo os dois cenários e quais fórmulas devem ser utilizadas:

Cálculo de margem de lucro bruta

Para fazer o cálculo de lucro bruto, utilize a seguinte fórmula:

Lucro Bruto = Receita de Vendas – Despesas de produção

Imagine, por exemplo, que um MEI ganhou R$ 3.000,00 em um mês e a produção custou R$ 1.200,00. Assim, o lucro bruto é de R$ 1.800,00.

A margem de lucro, por sua vez, é uma relação entre o lucro – líquido ou bruto – e a receita de vendas. Com isso, a margem de lucro bruto é dada por:

Margem de Lucro Bruto = Lucro Bruto / Receita de vendas x 100%

No caso desse exemplo, a margem de lucro bruta seria de 60%. 

Cálculo de margem de lucro líquida

Para fazer o cálculo de lucro líquido, utilize a seguinte fórmula:

Lucro Líquido = Receita de Vendas – Despesas de produção – Despesas fixas – Despesas variáveis

O lucro líquido também pode ser dado pela equação:

Lucro Líquido = Lucro Bruto – Despesas fixas – Despesas variáveis

Imagine que, além dos R$ 1200 de produção, o empreendedor teve R$ 200,00 de despesas variáveis e um gasto de R$ 600,00 com despesas fixas. Dessa forma, o lucro líquido dele é de R$ 1.000,00.

Para calcular a margem de lucro líquido, siga a seguinte fórmula:

Margem de Lucro Líquido = Lucro Líquido / Receita de vendas x 100%

A margem de lucro líquido nesse caso, portanto, é de aproximadamente 33%.

Fórmula de margem de lucro.

Qual a margem de lucro ideal para empresas?

A margem de lucro ideal para empresas pode variar bastante, dependendo do setor de atuação, modelo de negócios e outros fatores. 

Em geral, as indústrias costumam ter margens de lucro mais baixas, de 8% a 12%. Já empresas de comércio e varejo podem atingir entre 15% e 20%. Empresas de serviços e setores especializados podem atingir margens maiores, entre 20% e 30%. 

Negócios que demandam alto investimento inicial ou possuem custos fixos elevados tendem a ter margens mais apertadas.

Apesar dessas variações, é importante que a margem de lucro seja suficiente para cobrir todas as despesas, gerar retorno sobre o investimento (ROI) e permitir o crescimento sustentável.

Em resumo, uma margem de lucro considerada ideal deve garantir competitividade sem comprometer a saúde financeira da empresa

5 dicas para estabelecer a margem de lucro ideal 

Alcançar a margem de lucro ideal envolve mais do que apenas definir um percentual de lucro sobre o preço de venda. 

É preciso entender profundamente os custos envolvidos, analisar o mercado e alinhar a margem aos objetivos financeiros da empresa.

Por isso, confira agora dicas essenciais que ajudarão a estabelecer uma margem de lucro adequada para o negócio e manter a competitividade no mercado:

1. Planeje custos e despesas empresariais

O primeiro passo para estabelecer uma margem de lucro ideal é ter uma compreensão completa dos custos envolvidos na operação do negócio. Isso inclui os custos diretos, como matéria-prima e produção, e os custos indiretos, como aluguel, salários e despesas administrativas. 

Ter uma visão clara de todos os custos fixos e custos variáveis ajuda a garantir que a margem de lucro cubra essas despesas e, ao mesmo tempo, permita a obtenção de lucro. 

Negligenciar qualquer custo pode resultar em uma margem incorreta, podendo prejudicar a lucratividade e o crescimento da empresa. Por isso, é fundamental acompanhar e revisar esses custos regularmente.

2. Faça uma análise do mercado

Para definir uma margem de lucro competitiva, é crucial entender o mercado. Busque analisar:

  • Comportamento do consumidor;
  • Demanda pelos produtos ou serviços;
  • Preços praticados pelos concorrentes. 

Se a margem for muito baixa, o lucro pode acabar sendo sacrificado. Em contrapartida, uma margem muito alta pode afastar clientes em um mercado altamente competitivo. 

Por isso, faça uma análise de benchmark para comparar a estrutura de custos e precificação com a de empresas similares. Essa análise ajudará a encontrar um equilíbrio entre ter vantagem competitiva e garantir uma margem saudável. 

3. Alinhe a margem de lucro aos objetivos financeiros da empresa

A margem de lucro também deve estar diretamente ligada aos objetivos de negócio, sejam eles crescimento, reinvestimento ou geração de caixa para investidores. 

Se o objetivo é expandir, pode ser necessário adotar uma margem menor inicialmente, para aumentar o volume de vendas e conquistar mercado. 

No entanto, se a meta for a maximização de lucro, uma margem maior pode ser o caminho, desde que os preços continuem atraentes para os consumidores. 

Definir metas financeiras claras ajuda a ter uma margem de lucro sustentável, que atende tanto às necessidades operacionais quanto aos planos da empresa. 

Sempre que as metas mudarem, é importante reavaliar a margem e ajustá-la conforme necessário para acompanhar essa evolução.

4. Ajuste a margem de lucro conforme a demanda sazonal

A demanda pelo produto ou serviço pode variar ao longo do tempo, e a margem de lucro deve ser flexível o suficiente para acompanhar essas flutuações. 

Em momentos de alta demanda, é possível aumentar os preços e, consequentemente, a margem de lucro, aproveitando a oportunidade de maximizar os ganhos. 

Por outro lado, em períodos de baixa demanda ou em cenários de maior concorrência, reduzir a margem de lucro pode ser necessário para manter a competitividade e evitar a perda de vendas. 

5. Tenha uma conta PJ

Por fim, ter uma conta PJ é uma estratégia fundamental para obter maior controle sobre as finanças.

Essa separação entre as finanças pessoais e empresariais facilita o acompanhamento detalhado das despesas e receitas, permitindo uma análise mais precisa dos custos operacionais.

Além disso, muitas contas PJ oferecem ferramentas e serviços financeiros que podem ajudar na gestão do fluxo de caixa, como a automação de pagamentos e recebíveis. Isso não só economiza tempo, mas também reduz o risco de erros financeiros, que podem impactar a lucratividade.

O Asaas, por exemplo, é uma conta digital PJ completa, sem mensalidades, que oferece todas as ferramentas para simplificar a gestão financeira do negócio. 

Com ela, é possível oferecer várias formas de pagamento, gerenciar cobranças de maneira eficiente, emitir notas fiscais de forma automática, antecipar recebíveis e pagar fornecedores — tudo em uma única plataforma.

Abra sua conta PJ no Asaas e aproveite as soluções que irão otimizar suas operações, reduzir custos e, consequentemente, aumentar sua margem de lucro de forma prática e inteligente.

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Escrito por

João Vitor Possamai

Diretor Financeiro do Asaas. Formado em Finanças e Contabilidade pela New York University (NYU), possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Atuava como diretor no CPP Investments, maior fundo de pensão canadense, com quase 500 bilhões de dólares sob gestão. Já teve passagem pelo Macquarie, em Nova York, e pelo HSBC, em São Paulo.

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