Se você é empreendedor e já se perguntou como startups conseguem levantar milhões em pouco tempo, saiba que o segredo não está apenas em ter uma boa ideia. Eles sabem usar rodadas de investimento da forma certa.
Como VP de Finanças Estratégicas do Asaas, vi de perto como funcionam rodadas de investimento e posso te dizer que investimento externo não é prêmio, é responsabilidade. Ele acelera o crescimento, mas também exige disciplina e transparência sobre o caminho que você quer seguir.
Neste artigo, vou te mostrar como funcionam as rodadas de investimento e como se preparar para esse momento decisivo na jornada de uma empresa.
Qual o impacto da rodada de investimento no crescimento da empresa?
Se você chegou aqui, provavelmente está naquele momento em que o negócio cresceu mais rápido do que a estrutura consegue acompanhar.
A equipe precisa aumentar, a tecnologia pede atualização, os clientes estão chegando, mas o caixa não acompanha na mesma velocidade.
É nesse ponto que muitos começam a olhar para uma rodada de investimento.
O aporte de capital externo entra como uma espécie de oxigênio. Ele dá fôlego para contratar, acelerar vendas e até abrir novos mercados. Mas aqui está a parte que poucos falam. Com o dinheiro, vem a cobrança. E não é pouca.
De uma hora para outra, o empreendedor deixa de prestar contas só para si e passa a responder para investidores, conselhos de administração e métricas agressivas de crescimento. Cada real captado carrega uma expectativa.
Tenho visto isso acontecer em diferentes estágios de empresas. Algumas usam o investimento como combustível para organizar processos, profissionalizar a gestão e escalar com segurança. Outras, sem estarem preparadas, acabam tropeçando no próprio crescimento, queimando capital sem rumo.
Mas, como saber se você está pronto para esse passo? Normalmente, os sinais aparecem quando o crescimento já não depende mais só do seu esforço pessoal ou do fôlego do caixa atual.
Se você tem um produto validado, clientes entrando de forma consistente, processos minimamente estruturados e clareza de para onde quer levar a empresa, é um forte indício de que está no momento certo.
E é justamente aí que surge a pergunta: qual tipo de rodada faz mais sentido para o estágio da sua empresa? Vamos entender isso no próximo ponto.
Qual tipo de rodada de investimento é o ideal para sua empresa?
Muita gente me pergunta: “Júnior, qual rodada é a melhor para captar?” A verdade é que não existe uma resposta única.
O que existe é o momento certo da sua empresa. Forçar um investimento fora de hora pode ser tão prejudicial quanto não captar quando deveria.
O que vai guiar essa decisão é o estágio do seu negócio. Aqui no Asaas, vi de perto como cada rodada foi um passo dado na hora certa.
- Começamos com investidores-anjo + Seed em 2013. Foi nossa primeira injeção de recursos, essencial para validar a solução, melhorar o produto e dar os primeiros passos no mercado.
- Mais tarde, em 2015, conquistamos R$ 3 milhões em uma série A, que nos ajudou a acelerar o desenvolvimento do produto e expandir nossa operação.
- Em 2023, levantamos R$ 100 milhões em uma Série B, que foi fundamental para reforçarmos nossa estrutura regulatória e escalar com segurança.
- E, em 2024, demos o salto mais ousado até aqui: uma Série C de R$ 820 milhões, liderada por gigantes globais como a BOND e o Softbank.
Essa rodada abriu espaço para diversificar produtos, acelerar aquisições estratégicas e posicionar o Asaas em um novo patamar de liderança no setor.
Agora, vamos destrinchar o que significa cada tipo de rodada e como identificar o estágio ideal para sua empresa seguir com esse passo:
Rodada Anjo: validação da ideia
Se você ainda está na fase de provar que sua ideia funciona de verdade, é aqui que deve começar. A rodada anjo é aquela primeira mão amiga que entra no seu negócio.
O investidor-anjo normalmente entra com um valor menor, mas o grande diferencial é o que vem junto. Ele contribui com experiência, conexões e conselhos práticos de quem já viveu isso antes.
Não se trata de crescer rápido, mas de provar que sua ideia faz sentido. Por isso, essa é a hora de buscar parceiros que acreditem em você e no potencial do seu negócio.
Saiba mais como encontrar investidores.
Seed: primeiros passos para escalar
Quando você já mostrou que sua ideia funciona, mas falta mostrar que o mercado compra sua solução em escala, vem a rodada Seed.
Ela é usada para montar time, evoluir o produto, começar a medir tração e conquistar mais clientes.
Se sua dor hoje é sentir que o negócio depende 100% de você e precisa de estrutura para crescer, provavelmente você está nessa fase.
Lembre-se que é uma etapa de aprendizado acelerado, mas com tração clara. Você começa a sentir que dá para realmente crescer, sem pular etapas.
Series A: ganho de mercado
Aqui, você tem produto, receita e clientes, mas precisa crescer rápido para não perder espaço. É a hora de investir pesado em marketing, vendas e expansão geográfica.
Se ainda falta consistência nos seus indicadores, talvez não seja a hora. Afinal, com o capital, vem a cobrança por números muito claros.
Na Série A, o foco é crescer de forma estratégica. Os investidores querem ver que você já tem tração e que o negócio é escalável. Você precisa mostrar que você não está só sobrevivendo, mas está pronto para liderar dentro do seu nicho.
Series B em diante: liderança e expansão
Chegando na Série B em diante, seu negócio já provou que funciona. Nessa fase, a missão é liderar o mercado, consolidar posição e, muitas vezes, abrir fronteiras internacionais.
É quando entram grandes fundos, e, com eles, uma exigência enorme de governança e processos robustos. Nessa etapa, você precisa pensar grande, sem medo de avançar.
No Asaas, essa fase foi marcada por desafios, como fortalecer governança, estruturar processos robustos e profissionalizar áreas-chave para suportar crescimento rápido.
Foi nesse momento que conseguimos investir em expansão de produtos e aquisições estratégicas. Isso foi reforçado pelo Diego Contezini, CEO do Asaas, quando captamos 820 milhões na rodada liderada pela BOND:
“Esse investimento representa um marco significativo para o Asaas. Estamos entusiasmados com as novas oportunidades que surgirão a partir desse capital, que nos permitirá não apenas expandir nossas operações, mas também inovar continuamente em nossa oferta de serviços”, afirma Diego Contezini, CEO do Asaas.
O que investidores realmente analisam em uma rodada?
Muita gente acha que captar investimento é só questão de números bonitos. Métricas ajudam, claro, mas investidores querem sentir que a sua empresa tem estrutura, potencial e capacidade de enfrentar os desafios do crescimento.
Já vi de perto negócios com produtos incríveis perdendo oportunidades apenas por não conseguirem mostrar que estão prontos para receber um aporte.
Se você quer aumentar suas chances, vale prestar atenção em alguns pontos que sempre fazem diferença:
- Tração e números: não é só faturamento, mas consistência. Receita recorrente, crescimento mês a mês e indicadores claros de saúde financeira mostram que o negócio anda com as próprias pernas e que o mercado responde ao seu produto;
- Time fundador: investidores apostam nas pessoas por trás da ideia. Eles querem ver fundadores que tomam decisões difíceis, se adaptam, aprendem rápido e conseguem liderar o time com confiança. O seu time é a base de tudo;
- Mercado e potencial: mesmo o produto mais inovador precisa de espaço para crescer. Mostrar que há demanda, que o mercado é grande e que é possível escalar faz toda a diferença. Negócios limitados ou nichos pequenos costumam atrair menos atenção;
- Governança e estrutura: processos claros, clareza nas decisões e compliance sólido são essenciais. No Asaas, vimos startups promissoras perderem oportunidades só por não terem relatórios financeiros organizados. Ter a casa em ordem transmite segurança e credibilidade.
Saber o que eles analisam é só a primeira parte da jornada. O próximo passo é entender como preparar sua empresa para estar pronta quando a oportunidade aparecer.
Como preparar a sua empresa para uma rodada de investimento?
Agora, vamos entrar em uma parte do conteúdo mais prática, olhando para os erros que mais acontecem nesse momento.
Já vi muitos empreendedores se frustrarem porque chegam até a reunião com o investidor e não conseguem avançar.
Na maioria das vezes, o problema não é a ideia em si, mas a falta de preparação. Ter uma boa história para contar não basta.
É preciso estar pronto para responder perguntas difíceis e mostrar que o capital será usado com inteligência.
1. Ouça quem já esteve dos dois lados da mesa
Uma das coisas que mais aprendi nessa jornada foi o valor de ouvir quem já passou pelo que eu estava vivendo.
Quando você está no meio do processo de captação, é fácil se perder em dúvidas: será que meu pitch está claro? Será que os números que tenho são suficientes?
É aí que entra a importância de conversar com quem já sentou tanto no lado do empreendedor quanto no lado do investidor.
No Asaas, tive a oportunidade de trocar com pessoas que já tinham captado rodadas maiores e também com investidores que analisam dezenas de negócios por mês.
Essas trocas não precisam ser formais. Muitas vezes, uma conversa de café com outro fundador pode render insights que economizam meses de frustração.
Você pode começar buscando esses contatos em comunidades de startups, eventos ou até mesmo no LinkedIn, onde muitos empreendedores e investidores estão abertos para compartilhar experiências.
2. Prepare dados financeiros e métricas empresariais
Um dos erros mais comuns que vejo é o empreendedor acreditar que consegue convencer um investidor apenas com paixão e visão. Quando chega a hora das perguntas mais técnicas, muitos travam.
Já estive em rodadas em que, antes mesmo de falar, os números já transmitiam confiança:
- Receita recorrente e tickets médios por cliente;
- Crescimento mês a mês e projeção de vendas;
- CAC (Custo de Aquisição de Cliente) e LTV (Lifetime Value) organizados em relatórios claros;
- Margem de contribuição e margem líquida;
- Retenção de clientes, churn rate e engajamento com produtos ou serviços;
- Fluxo de caixa detalhado e previsões de curto e médio prazo.
Esses indicadores financeiros mostram maturidade e disciplina. No Asaas, aprendemos que organizar métricas desde cedo facilita muito na hora da negociação.
Não adianta preparar planilhas de última hora. O Investidor percebe quando os dados são sólidos e quando são improvisados.
Você pode começar simples. Use ferramentas de gestão financeira, planilhas bem estruturadas ou até ERPs que ajudem a acompanhar o desempenho.
Conheça o ERP do Asaas.
Como o Asaas entende a importância de ter esses números sempre à mão, a conta digital oferece relatórios personalizados, que permitem acompanhar receita, inadimplência, faturamento e outros indicadores essenciais de forma clara e prática.
Conheça a conta digital Asaas.
3. Tenha um pitch que conecta visão e números
Muitos fazem uma apresentação incrível, mas que perde força porque não mostra sustentação prática. Por outro lado, já vi empreendedores se perderem em números e planilhas, sem conseguir inspirar ninguém.
A verdade é que o equilíbrio entre visão e dados é o que realmente prende a atenção do investidor.
No Asaas, cada vez que apresentamos nossa visão, procuramos sempre conectar o “onde queremos chegar” com “o que já conquistamos até aqui”.
Isso faz o investidor acreditar não só na ideia, mas na nossa capacidade de executar. Afinal, visão sem execução é só discurso, e execução sem visão não inspira ninguém.
Para treinar isso, você pode buscar programas de aceleração, mentorias ou até praticar em eventos de pitch, onde o feedback vem rápido e auxilia a ajustar sua narrativa.
4. Planeje o uso do capital (não “queime” dinheiro sem rumo)
Uma das primeiras perguntas que você vai ouvir é: “para onde vai esse dinheiro?”. Parece simples, mas já vi muitos empreendedores ficarem sem resposta clara. Isso passa a sensação de que o recurso pode ser desperdiçado em ações sem foco.
No Asaas, cada rodada sempre teve um destino muito bem definido. Seja para reforçar tecnologia, estruturar compliance ou acelerar expansão.
Isso não quer dizer que o plano nunca mude, mas que existe um norte claro. Investidor quer ver que o capital vai servir como combustível para escalar o que já funciona (não para tapar buracos).
Você pode estruturar isso começando por um plano financeiro realista, definindo prioridades e projetando como o aporte vai impactar no crescimento. Conversar com mentores ou advisors financeiros ajuda a dar clareza nesse processo.
Quando buscar investimento?
Se você chegou até aqui, já deve estar com a cabeça cheia de ideias. Antes de procurar investidores, se pergunte: por que você quer captar recursos agora?
É para escalar um negócio que já provou que funciona ou apenas para tapar buracos?
Buscar investimento faz sentido quando sua empresa já tem uma base sólida e está pronta para escalar, ou quando há oportunidades estratégicas que exigem capital imediato.
Se você ainda está testando o produto ou tentando organizar operações básicas, talvez não seja o momento ideal.
Gosto sempre de ressaltar que captação não é a única forma de conseguir recursos.
Para empresas menores ou que ainda não se enquadram nas rodadas tradicionais, alternativas como linhas de crédito podem ser mais adequadas. O único ponto de atenção são as taxas de juros, que podem comprometer seu fluxo de caixa.
Por exemplo, às vezes, uma antecipação de recebíveis já vai ser suficiente para ter um capital de giro maior. Ela adianta valores que você tem a receber, funcionando como crédito rápido sem precisar recorrer a empréstimos caros ou diluir participação societária.
O risco é menor e você já ganha fôlego financeiro.
O Asaas, como instituição financeira regulamentada pelo Banco Central, já movimentou mais de R$ 2 bilhões em antecipações, ajudando empresas a transformar vendas futuras em capital imediato.
Quer testar como funciona? Conheça a antecipação de recebíveis do Asaas e tenha uma base sólida para crescer com segurança.